quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014


Ausência

De volta à sala de espera do hospital onde deixara Porfírio, não o encontrou. Esperou um pouco. Talvez ele pudesse ter ido a algum lugar ali perto, tipo lanchonete, sanitário, mas logo apareceria. Nesse ínterim lembrou-se que recentemente Santiago lhe dera um celular. Tentou ligar e, para sua decepção, se encontrava em caixa de mensagem. Voltou ao escritório de Lucas. A secretária lhe falou que esperasse, ele não iria se demorar.
As horas custaram a passar. Aparecida embora lendo numa revista um artigo de Santiago, estava impaciente. Levantava-se, bebia água, tomava café. Os pensamentos voltados ao que poderia ter acontecido com Santiago.  “Onde poderia estar? O que estaria fazendo?” Já escurecia quando Lucas entrou no escritório:

− Aparecida você não vai acreditar no que aconteceu.  Hoje pela manhã mais um rapaz entrou em coma. Algumas pessoas que conversavam com ele na sala de espera disseram que não demonstrava nenhum sinal de doença. Pelo contrario, falava com desenvoltura e parecia feliz. Comentou sobre a cidade onde morava, e sobre o modo de se viver no interior.
−Ele estava na sala de espera?
− Estava.
− Ele era moreno claro e vestia calça jeans e camisa cinza?
− Vestia sim. Aparecida, você o conhece?
− Deus queira que não seja quem penso que é. Você sabe o nome e se a secretaria ficou com os documentos dele?
− É Antonio Porfírio da Anunciação. Eu mesmo vi os documentos dele na secretaria.
−Deus do céu!  Não posso acreditar. Ele veio comigo e trabalha com a gente.
− Não me diga uma coisa desta!
− Pois é verdade. Lucas, por favor, me leve agora mesmo à UTI.
− Vamos. Eu faço questão em lhe acompanhar.
Ao se aproximar dos leitos protegidos por cortinas, afixada numa etiqueta estava o nome completo de Porfírio. E no espelho da cama uma prancheta com os dizeres:
Batimento cardíaco: normal
Diagnóstico: estado de Coma
Causa: desconhecida


* * *

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