Ausência
De volta à
sala de espera do hospital onde deixara Porfírio, não o encontrou. Esperou um
pouco. Talvez ele pudesse ter ido a algum lugar ali perto, tipo lanchonete,
sanitário, mas logo apareceria. Nesse ínterim lembrou-se que recentemente Santiago
lhe dera um celular. Tentou ligar e, para sua decepção, se encontrava em caixa
de mensagem. Voltou ao escritório de Lucas. A secretária lhe falou que esperasse,
ele não iria se demorar.
As horas
custaram a passar. Aparecida embora lendo numa revista um artigo de Santiago,
estava impaciente. Levantava-se, bebia água, tomava café. Os pensamentos voltados
ao que poderia ter acontecido com Santiago.
“Onde poderia estar? O que estaria fazendo?” Já escurecia quando Lucas
entrou no escritório:
− Aparecida
você não vai acreditar no que aconteceu. Hoje pela manhã mais um rapaz entrou em coma. Algumas
pessoas que conversavam com ele na sala de espera disseram que não demonstrava nenhum
sinal de doença. Pelo contrario, falava com desenvoltura e parecia feliz. Comentou
sobre a cidade onde morava, e sobre o modo de se viver no interior.
−Ele estava na
sala de espera?
− Estava.
− Ele era
moreno claro e vestia calça jeans e camisa cinza?
− Vestia sim. Aparecida,
você o conhece?
− Deus queira
que não seja quem penso que é. Você sabe o nome e se a secretaria ficou com os
documentos dele?
− É Antonio Porfírio
da Anunciação. Eu mesmo vi os documentos dele na secretaria.
−Deus do
céu! Não posso acreditar. Ele veio
comigo e trabalha com a gente.
− Não me diga
uma coisa desta!
− Pois é
verdade. Lucas, por favor, me leve agora mesmo à UTI.
− Vamos. Eu faço
questão em lhe acompanhar.
Ao se
aproximar dos leitos protegidos por cortinas, afixada numa etiqueta estava o
nome completo de Porfírio. E no espelho da cama uma prancheta com os dizeres:
Batimento cardíaco: normal
Diagnóstico: estado de Coma
Causa: desconhecida
* * *
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