quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014



   Crendice

“... e a luz se fez na sua memória.”

         Gabriel Garcia Marques


É hora de mudança, renovação, nascimento. Foi de uma mulher pura, virgem, sem o conhecimento das maldades do mundo que o filho do homem se fez carne:
 “Eis a escolha.”

De família pobre, não se demorou a ser reconhecido pelos argumentos lançados aos doutores da política. Tornou-se o escolhido:
“Eis a descoberta.”

Da adolescência, pouco se sabe. Entretanto alguns estudiosos arriscaram em afirmar que para não o expor ao mundo, seria necessário prepará-lo. Os professores de um país conturbado transferiram conhecimentos.
 “ Eis a preparação.”

Adulto junto com outros pobres aparece com roupas  simples, calçando alpercatas, dominando a palavra. Palavra usada por metáforas, cuja interpretação àqueles de pouco conhecimento era cativante, desafiadora.
Eis a mensagem.”

A cada dia mais adeptos a divulgarem a palavra: “diminuição da pobreza, eliminação da fome.”

 “Eis o porquê.”

Os especuladores, os que vivem da exploração, os que visam lucros desenfreados, 
“Eis o amanhã.”

A palavra voltada à geração de emprego, produção, lucro. Estava afastada a hipótese de prejuízos. Os que não o aceitavam cederam, recuaram. Apoiar a idéia?

“ Eis a dúvida.”

O Natal veio festivo; a árvore plantada continuava a crescer tornando os galhos mais fortes, a copa mais sombria, as flores e os frutos mais vigorosos; a distribuição foi farta; a estrela no topo da árvore brilhava cada vez mais ao receber energia. Energia gerada por todos aqueles que acreditaram.

“Eis a ilusão.”

Nos anos seguintes os acertos e desacertos afastaram a esperança depositada. 

“Eis a realidade.”

E o povo continuou no aguardo do prometido.

“Eis a questão.”

      * * *

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